domingo, 6 de março de 2011

A QUESTÃO DA LICITUDE.

Em seu discurso a igreja de corinto (I Co. 10:21 - 11:1) o apóstolo Paulo trata da licitude ligada a pratica da consagração dos alimentos, pois ele entendia o conceito do que é licito, ou seja: admissível e permissível. Não havia algo condenatório explicido ou implicito na lei de moisés e nem na prática religiosa comum tanto dos judeus como dos cristãos. O conceito da teologia paulina esta ligado ao amor cristão. A estrutura do pensamento neste texto passa pela seguinte ordem: 1 - A licitude - comer algo que foi criado por Deus não é condenatório; 2- O proveito próprio - Paulo convida a igreja a refletir na busca pelo bem de outrem como modelo comparado ao do próprio Cristo, e 3 - A Consciência - onde ele nos ordena a comer de tudo sem perguntar pois tudo é de Deus. A unica restrição seria a consciência de outro para não provocar escândalo e se possível ganhar alguns para Cristo, Paulo está falando de um evangelho de abnegação. O limite de algumas obras licitas é o amor ao próximo.

O culto a Afrodite, algo típico de corinto era uma afronta ao Deus criador, pois mudava os valores cristãos de auto-abnegação para a busca pelo prazer nas relações sexuais com as prostitutas cultuais. Não havia algo mais escandaloso que o culto a Afrodite. Paulo está recomendando o inverso a cultura cristã na cidade de corinto, pois o amor de Cristo nos faz abrir mão de direitos próprios em benefício de toda a comunidade. Não devemos bater o pé e clamar por direitos, quando estes ferem o entendimento de outro. O evangelho é diferente dos outros fenômenos religiosos não somente pelo respeito a própria consciência, mas também por ser amplo e respeitar o entendimento do outro.

A sociedade cristã do século XXI parece ter esquecido dos princípios da licitude, vocam para si o direito de tudo em nome de um serviço a Deus, e o direito constituido pela sua paternidade que da direito sobre tudo, principalmente aos bens materiais. O consumismo Cristão não encontra no outro, na vida do próximo, no direito de alguém, nenhum freio para sua obra materialista. Como uma comunidade dos que creem piedosamente no evangelho devemos reverter este sentido tão bárbaro que se tornou comum na Igreja, buscar de volta os valores da licitude limitada, do direito de outrem e dos valores da consciência. Nem tudo o que é legal, ou omisso dentro de um quadro de lei é permitido em todos os lugares e para com todas as pessoas.