quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Aconselhamento de Casais.

 




INTRODUÇÃO.


Os princípios norteadores desse trabalho apontam para a suficiência das Escrituras no cuidado integral do ser humano. É diante da Palavra revelada que o homem pecador é confrontado e é nela que o povo de Deus é confrontado, confortado e consolado. 


Pensar o aconselhamento familiar fundamentado nas Escrituras é nutrir a comunidade dos fiéis com a direção correta frente aos problemas da vida, que refletem a nossa condição neste mundo, alienado a Deus e as suas verdades. Também somos confrontados em nosso homem interior, para viver uma vida reta, santa e justa como eleitos de Deus, separados por Ele e nutridos pelo Espírito Santo da promessa. 


Pelas páginas que se seguem você encontrará uma análise bíblica da formação da família, depois sobre a queda e suas consequências danosas ao relacionamento e por último a redenção em Cristo e a cura que Deus proporciona aos seus dentro da comunidade da fé, sendo exortados a viver de forma digna, colocando o entendimento de que o Deus soberano em seu soberano propósito há de nos capacitar para viver a vida familiar de forma que Ele seja glorificado.

  1. ACONSELHANDO FAMÍLIAS.


No entendimento bíblico sobre a origem da família o ponto de partida para tal compreensão é a revelação de Deus, conforme descrita nas Sagradas Escrituras. Para entender a relação familiar devemos então partir dos textos bíblicos e compreender os motivos do Deus criador em criar e prover o homem para a vida familiar, nutrindo esta família de cuidados divinais e lhes dando ordens que eles deveriam cumprir, tanto em relação a sua comunhão com Deus (ordem cúltica), em relação a família (ordem social) bem como em relação a criação (ordem cósmica).


Creio ser prudente que o ponto de partida seja Gênesis 1: 26 - 28 que diz assim:


“v. 26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. v.27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. v.28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” .


Conforme o texto supra citado nos mostra, a criação é um ato exclusivo de Deus, que segundo a sua vontade soberana, decide no sexto dia da criação, criar homem e mulher. Ambos marcados pela imagem de Deus colocadas em seu ser e vivendo uma perfeição de vida relacional com Deus dentro dos limites do período probatório. À semelhança do seu criador homem e mulher foram criados para exercer domínio, o santo domínio de um sacerdote servo, que em amor e santidade, governa todas as coisas conforme as ordens de Deus, obedecendo os limites impostos pelo criador, tanto para si como para a criação.

Então aqui temos a primeira confirmação da vida relacional conforme os propósitos de Deus. Deus nos criou e nos capacitou para exercer o domínio de forma santa, nos criando conforme a sua imagem e semelhança. Deus dá ao homem a responsabilidade do domínio e o nutre de provisão para cumprir este domínio podendo exercer todo o bem em relação a criação e em relação ao criador.

Em Gênesis 2:7 o Senhor deixa claro que a forma da criação do homem é singular e nutrida do “fôlego de vida”. A construção do homem é feita então pelas mãos do criador.

“Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” Gênesis 2: 7

No entendimento bíblico o Deus criador cria o homem, Adão, conforme a sua imagem e em Adão coloca então o “fôlego de vida”. Este mesmo Deus toma o homem que criou e o coloca no Éden e lhe dá funções para ser exercida no Éden. O homem, Adão, deveria cultivar e guardar. O Senhor soberano cria o homem conforme a sua vontade, lhe nutre conforme o seu soberano propósito, o coloca onde sua vontade deseja e lhe dá funções para o qual Ele o capacitou “...para cultivar e o guardar.” Gênesis 2: 16. “O Senhor nos manda “cultivar e guardar”, para que, em obediência alegre, possamos servir a ele, edificando, provendo e cultivando para o crescimento, e ao mesmo tempo protegendo e guardando para que tudo o que está sob nossos cuidados fique seguro. É um chamado simples, pois é de fácil entendimento, porém, nem sempre é fácil vivenciá-lo.”

Até este momento o homem estava só, em Gênesis 2, Deus está detalhando para nós todo o seu propósito na criação do homem e da mulher. De forma resumida toda a verdade criadora já estava em Gênesis 1: 26 - 28 mas, no capítulo dois Deus destaca a peculiaridade dos seus propósitos.

Creio ser determinante notar que é Deus que toma toda a iniciativa, Ele diz:”...Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” Gênesis 2: 18. Uma percepção negativa com uma ação provedora, para a solidão que não é boa, uma ação provedora que irá nutrir o homem com características singulares para lhe ser: “uma auxiliadora …. idônea”. Ambos são criados por Deus para cumprir os seus propósitos e para juntos realizarem a missão designada primeiramente a Adão. Deus então dá a mulher uma papel em relação ao seu marido - “auxiliadora” e lhe dá um caráter - “idônea”. Tanto o papel de auxiliadora como o caráter idôneo deveriam apontar para a relação de cooperação na promoção da glória de Deus. Deus então cria a mulher para o homem e a partir do homem: “E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e a trouxe.” Gênesis 2: 22. Deus não somente cria a mulher como Ele deseja e para corresponder os papéis que ele designou e para ter uma caráter como Ele estabeleceu, mas, Deus a forma a partir do homem. Adão então contempla a criação da mulher e a sua primeira impressão é: “...esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Gênesis 2: 23. O que Deus faz de maneira tão maravilhosa é nutrir o primeiro casal com uma relação criadora que ficasse inegável a unidade entre eles.

E é por causa do criador, dos seus planos e dos seus propósitos que o casamento é um chamado para que ambos possam através do casamento glorificar o seu Senhor e criador. Deixando a casa de seus pais, unindo-se à mulher e sendo uma só carne. “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Gênesis 2: 24

Entre Gênesis 1 e Gênesis 3 você tem o cenário deste primeiro casal, desta primeira família criada para a glória de Deus, chamados para viver como uma só carne, nutridos de um chamado para a multiplicação, de um chamado para o cuidado com o Éden e chamados para a cooperação no serviço ao Senhor. Agora em Gênesis 3 este mesmo casal sucumbe diante da serpente, corrompe a Palavra do próprio Deus e se entregam mutuamente ao pecado. Ambos são corrompidos no seu relacionamento com Deus, o criador, que os havia nutrido de toda a capacidade para a obediência e agora se escondem por medo e vergonha. E é por causa dos efeitos noéticos do pecado que nós como igreja devemos acompanhar as famílias cristãs no entendimento dos propósitos redentivos em Cristo. Entendendo os efeitos do pecado sobre todas as esferas da vida, inclusive sobre a vida familiar, matrimonial, sobre a comunicação no casamento, sobre a vida espiritual familiar e conduzi-los pelas páginas das Escrituras ao entendimento dos propósitos redentivos revelados em Cristo. Nas palavras de MacArthur estes homens “voltaram os olhos para si mesmos e causaram caos em sua vida. Precisamos confrontá-las com essa iniquidade e desafiá-las a voltar os olhos para Deus, a obedecer à sua Palavra, a viver sua vida para a glória dele e a confessar e experimentar a “a salvação vem do Senhor.””



  1. A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO DE ACONSELHAMENTO BÍBLICO APLICADO A FAMÍLIA.


Após a queda toda a corrupção do homem é vista em todas as áreas da vida. É inevitável que o homem natural, carnal, movido pelo seu coração idólatra queira conduzir o seus passos conforme a vaidade do seu coração e tentando dar novo sentido ou propósito que aponta para o pecado. Vemos isso claramente nas páginas das Sagradas Escrituras. Em Gênesis 6 temos um relato degradante da corrupção que geração após geração seguia a vontade de seu coração e de como este desejo desenfreado do homem envolveu famílias e construção de novos relacionamentos. Logo no versículo 2 diz assim: “...vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram”, no versículo 5 temos o juízo de Deus sobre os homens, dizendo assim: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração…”. 

É por causa desta conduta pecadora e depravada do homem que o mediador da nova aliança foi ofertado pelo próprio Deus, para através do seu sacerdócio e sacrifício poder então satisfazer a vontade santa do Pai. Provendo os meios pelo qual suas ovelhas viriam a viver em uma novidade de vida e capacitados a viver esta nova vida em santidade diante de Deus. Orientados pelas Escrituras, tendo sido lavados pelo sangue do cordeiro, nós os que andavam em completa rebelião, agora fomos trazidos para uma relação pactual, onde as normas do pacto são estabelecidas por Deus que capacita o seu povo a viver para ele em santidade progressiva, se desvencilhando do velho homem e vivendo como um novo homem. Abandonando o pecado e crescendo em santidade.

Por causa desta transformação salvífica e santificadora que Deus opera através da pregação do evangelho é que aqueles que caminham na jornada cristã necessitam ser orientados a respeito dos valores do reino. Orientados a viverem em sujeição a Deus e não conforme a mentalidade do seu tempo. Irmãos e irmãs são chamados por Deus para exercerem a mútua exortação Cristã em amor, para que os novos na fé ou aqueles que estão fraquejando em sua conduta possam ser advertidos pelas Escrituras e busquem com todo o empenho a santificação e as ações santas para a vida familiar. Não constituindo relacionamentos mistos, não se ajustando aos prazeres carnais conforme a cultura de seu tempo, mas entendendo que a vida matrimonial aponta ainda que de forma imperfeita para a relação de Cristo e sua Igreja. A medida para a vida conjugal colocada para conselheiros e aconselhando é a relação de um Cristo como noivo por excelência e uma Igreja sem mácula selada pelo espírito para o dia das bodas.

O grupo de conselheiros bíblicos devem pautar sua orientação sempre apontando para a soberana vontade de Deus, que faz tudo o que lhe apraz para a sua própria glória. Levar o aconselhando a reconhecer a sua insuficiência em resolver problemas matrimoniais pela sua própria força e conduzi-lo ao reconhecimento de que todo ajuste nos papéis conjugais, na comunicação, na criação de filhos ou nas finanças, tudo passa pelo cuidado provedor de Deus que age em nós, nos transforma e nos cura pela sua palavra. Na ação de confrontar e confortar os conselheiros bíblicos sempre devem buscar estabelecer a relação entre o agora já e o ainda não. 


  1. ENTENDENDO A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS DIANTE DE NOSSOS PROBLEMAS FAMILIARES.

Deus através das gerações tem curado o seu povo pela Palavra. É na Palavra e pela Palavra que o Senhor deixou autoridade à igreja para ministrar o aconselhamento. A Palavra de Deus não é um meio de cura, ela é o único meio eficiente, a única revelação dada por Deus aos homens de forma autoritativa e que ministra ao coração do perdido o arrependimento e ao coração do salvo em Cristo a Santificação pelo sangue do cordeiro. Devemos diligentemente utilizar os meios bíblicos para a exortação cristã, para a repreensão, para a correção e para o consolo.

Dentro da ótica bíblica o Senhor soberano, chama os homens e mulheres para constituir um lar sob a perspectiva cristã e vivenciar a vida matrimonial encontrando plena suficiência em Cristo. Sabendo das imperfeições que ambos possuem e do pecado que está sempre à porta do coração. Unirem-se pelo matrimônio sob a benção de Deus, crendo que toda a provisão necessária foi dada na cruz. A provisão para a liderança que serve em amor, que serve em temor ao Senhor, sabendo que Deus tem dado aos maridos a oportunidade de agirem dentro do lar, espelhando a graça e misericórdia de Cristo, perdoando, orientando, sendo o cabeça que luta as lutas da vida e protege o seu lar, pastoreando esposa e filhos a luz da vontade de Deus. A provisão para a mulher ser a sábia conselheira, uma esposa que aponta para a Igreja imaculada. Provida pelo Senhor para no serviço se equipar das ferramentas adequadas da mulher exemplificada em Tito 2. A mulher em Tito 2 conduz as mais novas há: “... ter pensamentos amáveis, levá-la a ser bondosa e compassiva, ensiná-la a expressar afeição e deleite por seus filhos, e ensiná-la como administrar a disciplina piedosa”. Uma mulher séria, que não calunia, mestra do bem e que instrui em casa a seus filhos e na Igreja as mais novas a amarem seus maridos. Mulheres sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido e tudo isso com um objetivo, “para que a palavra de Deus não seja difamada” Tito 2: 5.

Toda esta percepção de aliança em Cristo onde homem e mulher se veem como realmente são, pecadores diante de um Deus Santo, serve para revelar a suficiência das orientações bíblicas como fundamento de um lar construído no temor do Senhor. Somente deste modo homens iracundos podem em sujeição a Deus, dobrarem o seu orgulho e corrigir em amor. É pela palavra que uma mulher criada em um lar não cristão, contaminada pela filosofia humanista e feminista, pode vir a ser uma mulher com temperância que entende a luz das Escrituras o seu papel estabelecido por aquele que a criou e que a prove para travar a luta contra o mal do coração contaminado pela vaidade. O Deus que faz vir o coração rebelde dos filhos ao encontro do coração piedoso dos pais e através de Cristo transformar aquele filho insensato, que antes era motivo de abatimento e tristeza, em um filho que é benção para os seus pais, honrando com palavras e ações.





CONCLUSÃO.


Devemos então admitir nossa pequinês frente os desafios da vida familiar. Admitir que somente quando somos confrontados com a Palavra é que realmente recebemos as orientações corretas para a nossa edificação. Considerarmos danosas ao relacionamento todo o conselho que está em desacordo com a palavra e viver a vida conjugal na dependência do Senhor.


Então suprir nossas Igrejas com ministério de aconselhamento forte e ativo no padrão de Tito, capítulo de número dois, certamente fará com que homens e mulheres pecadores, restaurados no evangelho e maduros na fé, possam exercer o aconselhamento como ministério de orientação e exortação em amor para a edificação daqueles que estão enfrentando as lutas internas contra a vaidade moral e daqueles que permeado pela filosofia do mundo tentam encontrar saídas no espírito do seu tempo. Trazê-los ao juízo das Escrituras em temor e tremor, para que as Escrituras sejam verdade aplicadas a todas as áreas da vida. Para que a vida familiar não seja um refúgio onde as verdades de Deus não penetre mas, que frente às verdades reveladas por Deus nosso coração vaidoso e idolatra encontre genuína libertação. 


Que Deus nos guie, aconselhando e conselheiro para juntos trilharmos a jornada que nos é proposta, fazendo e sendo discípulo de Cristo. Edificados na verdade. Para que a glória seja dada a Ele.



REFERÊNCIA BÍBLICA.


FITZPATRICK & JOHNSON, Elyse e Dennis. Aconselhamento a partir da cruz: Conectando pessoas ao poder curador do amor de Cristo. Ed: Vida Nova, 1º edição: São Paulo, 278p.


MACARTHUR, John (org). Introdução ao aconselhamento Bíblico: Um guia de princípios e práticas para líderes, pastores e conselheiros. Ed: Thomas Nelson, 1ª Edição: Rio de Janeiro, 317 pp.


PEACE, Martha. Sábia e conselheira: Uma reflexão Bíblica sobre o papel da mulher. Ed: Fiel, 1ª Edição: São José dos Campos, 161 pp.


TRIPP, Paul David. Instruments in the redeemer’s hands: People in need of change helping people in need of change. Publishing: P&R, 380 pp.


______________. Guerra de Palavras. Ed: Cultura Cristã: São Paulo, 275 pp.


PHILLIPS, Richard D. Homens de verdade: o chamado de Deus para a masculinidade. Ed: Fiel, 1ª Edição: São José dos Campos, 178 pp.,


quinta-feira, 15 de julho de 2021

Os relacionamentos pessoais na "Feira das Vaidades"

 





David Powlison escreveu um lindo artigo traduzido para o português com o título de: Ídolos do Coração e a Feira das Vaidades. Neste artigo ele trabalha os relacionamentos de Idolatria como carro chefe nos relacionamentos pessoais e na construção social.


Há uma esfera muito particular do texto de Powlison que gostaria de tratar aqui. A primeira questão diz respeito a fonte de prazeres e desejos humanos como produto de um coração corrupto que busca a auto satisfação e a promoção do reconhecimento e do bem estar individual. Para tal, constrói  uma fama, uma personalidade de idolatria do ego, ignorando os fundamentos da vida Cristã onde toda a satisfação da vida é Deus e a alegria é o serviço a este Deus.

Como povo de Deus sempre estamos em luta com o nosso coração idólatra, que não se prostra ante a ídolos representado por imagens de santos ou de pessoas beatificadas mas, tornamos a nossa vida construtora de uma idolatria das influências que se estabeleceram sobre nós: família, pai, mãe e etc. Construímos uma idolatria do trabalho e do serviço eclesiástico que é alimentada pela imagem de perfeição pessoal ou de beatificação de uma personalidade que espelha um referencial enaltecido e cobiçado.


Creio que a melhor forma de lidarmos com o coração idólatra é supervisioná-lo todos os dias. Sujeitar este coração aos textos bíblicos e nos colocarmos na dependência do altíssimo. Encher-se de um conhecimento vivo em temor ao ser de Deus e amá-lo sobre todas as coisas. Nunca deixar que influências internas que provêm do nosso coração pecaminoso construa uma vida de cobiça e desejo pela autossatisfação. Lutar com as armas espirituais da verdade, para sujeitar todos os nossos desejos e paixões ao senhorio de Cristo.


Certamente as relações com uma sociedade corrupta e perversa ira trazer um grande desafio. O primeiro desafio é responder as inverdades do mundo com as verdades de Deus. É dizer ao coração que cobiça o pão como desejo de satisfação da carne, que não só de pão viverá o homem. É entender que Deus nos capacita pelo Espírito a viver contente em toda e qualquer situação. A palavra de Deus é a melhor forma para tratar as inclinações do nosso coração e conduzi-lo ao arrependimento. Somos indignos de toda graça e misericórdia que recebemos de Deus. 

Rev. Gustavo Custódio

domingo, 20 de junho de 2021

Arrependimento



 Oséias 6:1 "Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará."


O chamado de Deus é que devemos viver diante dele mas, que os esforços humanos para gerar arrependimento e restauração são frustrados e não se provam no tempo.


As pessoas vão até Deus para resolver um problema pessoal, sua angústia.  Mas estão com disposição de fazer tudo o que é contrário à Deus. Israel estava contaminado, dando culto à Deus e à outros deuses.


Assim como Deus chamou o povo de Israel ao arrependimento,  Deus também nos chama ao verdadeiro arrependimento. 


O arrependimento humano sem a graça provedora é como brisa passageira. Deus então nos provê de arrependimento verdadeiro para que vivamos diante Dele. "Ao terceiro dia nos levantará..." Cristo é o levantar dos eleitos de Deus revigorados espiritualmente em novidade de vida. Não por méritos próprios mas, pelos de Cristo. 


By Gustavo Custódio (pastor da IPB e missionário na Albânia)

terça-feira, 4 de junho de 2019

Missões: a glória de Deus e a miséria humana.

O que dizer do que Deus fez em Cristo? Este é o centro da tarefa missionária. A glória de Deus e sua majestade, seu profundo amor e sua ira para com pecador, nos coloca frente ao sacrifício de Cristo. Diante deste cenário reconciliatório somos impelidos por vontade divina e não por sentimentos volúveis de nosso coração a proclamar o reino eterno quer os homens ouçam ou não. Quer eles se arrependam ou não. A nossa parte nesta missão é a proclamação de toda a verdade que está encarnada em Cristo e que encontrará repouso no coração do que por Deus for chamado para viver sob o sacrifício de Cristo e de sua total suficiência.

Frente a miséria humana que institui suas divindades, seus conceitos falidos e sua deturpações sobre valores e princípios, somos conclamados por Deus para trilharmos o caminho da obediência sendo testemunha do que Cristo é e do que ELE fez em nós e por nós. Miseráveis pecadores reconciliados com Deus através do sacrifício de Cristo. Por ELE estamos no mundo não para ser amado pelo mundo, mas, para dizer ao mundo que o Rei de toda Glória encarnou-se, morreu na cruz, triunfou sobre a morte ressuscitando ao terceiro dia e foi elevado as alturas, de onde virá uma segunda vez para estabelecer o seu reino triunfal. O privilégio dos que vivem em Cristo é de estar neste governo eternamente em alegria e gozo.

Há uma ordem ao pecador quando se depara com a mensagem da salvação, e a ordem é: arrependa-se.


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Pais e Filhos.



"Ensina a criança no caminho que deve andar, e ainda quando for velha,  não se desviará dele." Provérbios 22:6.

Diante de dias hedônicos, homens e mulheres constituem lares para si e por si. Esquecendo-se da verdadeira razão para a construção de uma família. O motivo é uma obediência a Deus irrestrita, que coloca nossos valores humanos corruptos, diante da Sua Santidade absoluta.

Geramos então uma relação matrimonial com frutos (filhos) que deveriam ser criados conforme as ordens Divina para a educação. Mas, ao invés disso, optamos por uma criação sem planejamento, sem princípios e sem maturidade na fé Cristã. Sendo assim o que temos é um lar fragilizado pelo pragmatismo, seduzido e alicerçado em relação ao prazer e ao desejo (hedônica).

O texto de provérbios nos coloca diante de valores que não podemos deixar de fora na relação pais e filhos. Ou somos uma família que guia a educação dos filhos nos princípios de Deus ou a frustração na relação será decorrente de tal omissão.

Quero aqui destacar dois conflitos quando não praticamos os princípios das escrituras.

1. Princípio na correção, mas, não na criação.

Este erro é o mais comum diante de um cristianismo pragmático. Evocamos o direito de corrigir e para tal mencionamos textos que nos confortam o coração na hora da exortação e disciplina, mas, não criamos os filhos conforme estes mesmos princípios.

Acabamos então ferindo o que o próprio Deus nos ordenou, "Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te." Deuteronômio 6: 6-7. Ferimos por causa de nossa vida relapsa em viver tais princípios e ferimos ao não ensinar de forma sistemática, contínua e intencional aos nosso filhos.

Não somos chamados para disciplinar os nossos filhos pelas escrituras sem que estes princípios tenham sido claramente ensinado a eles. O erro nessa tarefa se dá por causa de nossos valores que utilizam coisas e pessoas que sirvam aos nossos interesses. E fazemos a mesma coisa com a palavra de Deus. A utilizamos não quando um de seus princípios são feridos e sim quando o nosso ego ou a nossa imagem é ferida. Não criamos nossos filhos para a compreensão da honra e sim para que façam a nossa vontade. Confundimos autoridade paterna e materna com autoritarismo.

A nossa vida com Deus e com sua palavra será a primeira carta que nossos filhos irão ler, e conforme o modelo que irão viver. Muito do que eles fazem é parte de uma rebelião contra Deus e sua palavra, outra parte é contra a autoridade dos pais e isto deve ser tratado a luz das escrituras para que a correção possa trazê-lo de volta a sensatez.

2. Caminhar com, ensinar no.

A outra falha acontece quando não entendemos a importância de ensinar no caminho. Isso implica em algumas etapas que precedem qualquer disciplina desmedida. No processo de criação é necessário gastar tempo para caminhar com o filho. Normalmente criamos nossos filhos para caminhar sozinhos em um processo maligno de autonomia precoce. Devemos nos lembrar que os filhos aprendem conosco durante a caminhada. Não devemos deixar nossos filhos ausentes de nossa presença, de nossa participação em sua vida e nem da participação dele em nossas vidas. É com o pai que o filho ou filha irá aprender como respeitar e amar a mãe. Verá seu comportamento ético para com os negócios. Presenciará sua vida devocional de amor e relacionamento com Deus.

Ensinar no, significa que a caminhada é proposital e trará a luz erros do filho e dos pais, mas no processo de ensino o filho verá quais são os referenciais de vida que guiam seus pais. O que os leva ao arrependimento e como eles lidam com as seduções e tentações do maligno. A caminhada não pode estar isolada do ensino. Os pais devem sempre atentar para o ensino onde se mostra como fazer, depois, supervisionar o filho em um processo de autonomia progressiva e por fim dar a ele a responsabilidade de caminhar com os princípios aprendidos. Mostre ao filho que a autonomia dos pais não lhe dá o direito a quebrar os valores de Deus, pois, diante de Deus e de sua palavra a nossa atitude nunca deve ser de autonomia e sim de subordinação.

Conclusão.


Nós como pais nunca seremos o padrão de perfeição e sim refletiremos uma vida de obediência e relacionamento com Deus, onde os padrões divinos são o alvo e o arrependimento uma constante na vida daquele que entende seus pecados diante da santidade de Deus. Quando criamos nossos filhos nessa relação conosco e com Deus, os ensinaremos a amor o Evangelho, a viver para a glória de Deus. Todos os problemas provocados e vivenciados nesta relação devem ser confessados e restaurados. Nunca omitam de seu filho os valores de Deus, o que Deus pensa o que Deus diz. Ainda que ele venha a se rebelar contra esses valores, não omita nenhuma vírgula do que Deus tem como princípio.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Valorizando Nossa Família.





Neste breve comentário iremos refletir sobre a família que Deus nos deu. Por mais estranho que possa parecer para alguns, somos destinados a nossa família por força e vontade divina. O acaso não tem nenhuma participação nisto. Nossa parentela, pai, mãe e irmãos foi então determinado pelos ricos propósitos do Senhor. Que propósitos são estes? Primeiro, devemos reconhecer que o Senhor tem propósito em todos os seus designos. Segundo, as nossas vivências e convivências não são determinações do tempo e sim fruto do que Deus planejou. 

Talvez você tenha nascido em um lar onde a iniquidade de seus pais trouxeram muio sofrimento. Outros nascem em um aparente "lar perfeito", onde pai, mãe e irmãos possuem todos os suprimentos materiais. Alguns ao nascerem são abandonados por seus pais e adotados por outros que substituem a família original, enquanto que outros nem sabe o que é ser adotado e vivem de acolhimento das casas ou abrigos infantis. Em tudo isto nós devemos dar graças ao bom Deus e nunca duvidar de seu amor e cuidado. Segundo a palavra devemos "honra" aos nossos pais. Não importa quem eles são ou o que fazem.

Ficará muito mais fácil a vida familiar se seguirmos cinco passos básicos: 1. Ame com coração perdoador; 2. Dedique-se a construir diálogos; 3. Pratique o acolhimento e as palavras doces; 4. Tome a iniciativa de buscar a Deus por ti e por seu lar e 5. Lembre-se de avaliar primeiro a si mesmo a luz do testemunho Cristão.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A Importância do Casamento Para Deus.

ALIANÇA

A aliança é o símbolo conjugal mais antigo e universal que nós temos em relação ao casamento. Este costume surgiu com os povos antigos que primeiramente quebravam uma moeda ao meio onde cada cônjuge ficava com uma parte da moeda como sinal de compromisso. Posteriormente, os romanos e os gregos começaram a usar a aliança, um anel, como a que se conhece hoje.

Uma curiosidade interessante acerca destes povos é que eles usavam a aliança na mão esquerda, que por considerá-la inferior, (quase todos eram destros), era como um sinal de submissão e obediência. E usavam no dedo anular, porque criam que ele possuía uma pequena artéria que era ligada ao coração, fazendo deste o dedo mais apropriado para ostentar um compromisso de amor.

Entretanto, a aliança que queremos abordar não é apenas este símbolo de metal que se carrega nos dedos, mas o conceito bíblico de casamento, que é o de aliança irrevogável, o acordo mais íntimo, profundo e duradouro que a humanidade já conheceu.

Na Bíblia existem muitos exemplos de alianças de Deus, como a aliança Edênica (Gn.1:26-28); a aliança com Adão (Gn. 3:15), a aliança com Noé ( Gn. 6: 5-9); a aliança com Abraão (Gn. 15: 4-18); a aliança com Moisés (Ex. 19: 5-25); a aliança da Palestina (Dt. 8, 28-30); a aliança com Davi (II Sm. 7: 5-16); e principalmente a nova aliança feita por Jesus (Jr.31:31-34; Mt. 26:28), quando Ele tomou sobre si a punição pela quebra da aliança do homem, e atribuiu aos seus escolhidos um compromisso de aliança irrevogável e indissolúvel. Este conceito é também defendido por Graig Hill, que distingue aliança de contrato:

“O conceito de aliança, portanto, é um compromisso unilateral, irrevogável, indissolúvel, válido pelo menos até a morte. A aliança não depende do desempenho de nenhuma das partes (...). Um contrato é um acordo bilateral entre duas pessoas, totalmente dependente do desempenho do acordo.” [1]

Isto significa que na aliança, mesmo que uma das partes falhe, a aliança não é interrompida. Isto não acontece com o contrato, pois se uma parte falha, a outra não tem nenhuma  obrigação de cumprir seu compromisso pelos próprios termos do contrato.

A Bíblia denomina o casamento como um relacionamento de aliança, como está escrito em Malaquias 2: 14a “ Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade.”

Quando as pessoas se casam, elas entram no sistema criado por Deus que é o casamento (aliança), independentemente de onde foi realizada a cerimônia (nas  diversas religiões ou se houve ou não cerimônia religiosa). Quando duas pessoas passam a coabitarem entram no sistema de Deus que é o casamento, ainda que Deus não tenha sido o motivo central dessa aliança e nem seus princípios obedecidos pelos cônjuges. A própria cerimônia é expressa por promessas de compromissos feitas um ao outro; com palavra que incluem: amor, honra, devoção, cuidado e submissão. E também por termos como: na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, na alegria ou na dor, sendo que a duração desta aliança é até que a morte os separe.

Essas promessas podem ser definidas como votos. E a Bíblia é bem clara a respeito de se fazer votos: “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Ec. 5:5). Lee e Peg Hankin,  afirmam: “Os votos são voluntários [para fazê-los], públicos, incondicionais, sérios e obrigatórios [para cumpri-los].”[2]

Se os votos são tudo isto e não podem ser quebrados, a palavra que está em Mateus 19:6b (Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.), também não deveria ser quebrada. Mas infelizmente não é isto que tem acontecido. Relacionamentos tem sido desfeitos por motivos banais.

Muitas vezes, alguns cônjuges têm seus casamentos deteriorados de tal forma que um período de separação para receber cura e até proposto por muitos conselheiros. Entretanto, deixar que estas pessoas abandonem a aliança e abracem o contrato, podendo assim entrar em um novo contrato, é simplesmente perpetuar o problema, o que pode acarretar em insegurança, manipulação e co-dependência. Graig Hill afirma que:

“...o novo casamento com uma outra pessoa é como um aborto. Até que haja arrependimento e acordo com Deus, existe sempre aquele sentimento de culpa e condenação no coração.”[3]

Podemos demonstrar biblicamente uma aliança que conforme ordem divina não deveria ter acontecido, [com a história de Josué e os gibeonitas (Js. 9-10)] , que depois de ser feita, teve de ser honrada.

Deus havia ordenado a Josué que destruísse todos os povos cananitas. Era o que estava acontecendo, até que os gibeonitas acometidos de terror, recorreram a Josué dizendo-se um povo muito distante, pedindo assim proteção. Josué então fez uma aliança com estes homens e consequentemente com este povo. Apesar de ser uma aliança estabelecida através de fraude e engano, os Israelitas entendiam o valor da aliança diante de Deus e então tiveram que honrá-la (II Sm. 21: 1-6).

Podemos ver todo o casamento onde Deus não foi honrado com a obediência, como a aliança feita com os gibeonitas; não deveria ter acontecido. Por isto, arrependimento e perdão pelo pecado do divórcio, do novo casamento e do casamento sem Cristo devem ocorrer. Todavia, uma vez que se fez um novo compromisso, este também não deve ser quebrado (evitando uma sucessão de erros). É necessário contudo, buscar entendimento do real significado da aliança, havendo uma renovação de mente. A transformação de mente é vital para a vida em santidade no cumprir das ordens divinas. “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12:2 (NVI)

Josué compreendia este conceito de aliança de tal maneira que além de preservar os gibeonitas, ainda os ajudou contra os seus inimigos. E Deus honrou esta aliança de tal forma que seu povo escolhido foi posto em risco em prol da segurança dos gibeonitas.



[1] Graig HILL, Casamento: Contrato ou Aliança, p.1
[2] Lee e Peg HANKIN, Casamento: Como Fazê-lo Funcionar, p. 29
[3] Graig HILL, op.Cit.,p.47