quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Breve Panorama de Missões na Perspectiva Reformada (Parte I)





A primeira questão a ser tratada no panorama das missões é uma conversa franca e bíblica sobre a igreja e o seu dever em cumprir sua tarefa missionária como estabelecida pelo próprio Deus. É notável que para nós cristãos o princípio de tudo está nas mãos criadores de nosso Deus. Sendo assim Ele o criador de todas as coisas em seu propósito soberano criou o homem para que esse o glorifica-se por toda a sua existência e que governasse a criação de Deus debaixo da autoridade delegada pelo próprio Senhor. Mas, em seu propósito criador Ele estabeleceu que os homens seriam criados com possibilidade de queda, devendo obediência a Deus e as sua ordem restritiva para que não comesse da árvore que estava no meio do Jardim. Reprovados por Deus na obediência, os homens tendo como representante Adão, são dignos de condenação eterna, por transgredirem os preceitos divinos.
Deus então em seus decretos eternos e imutáveis estabeleceu que o homem ao cair seria salvo somente mediante o cordeiro sacrificial. Que no antigo testamento era uma expectativa do cordeiro de Deus, o messias prometido e que no novo testamento é o cordeiro encarnado morto e ressuscitado para a salvação de Seu povo. Não há mais expectativa de obediência humana perfeita após a queda, o homem natural não a poderia cumprir, seu destino era a total dependência da graça e misericórdia Divina.

O cordeiro de Deus então prometido aos eleitos no protoevangelho de Gn. 3:15 demonstra que através D’Ele o homem poderia ser aceito diante de Deus o Pai. Agora não mais por obediência perfeita aos preceitos divinos, mas, por submissão e imputação da salvação de forma unilateral, feita pelo próprio Deus. Ele nos salva de forma completa, impondo ao homem a regeneração não mais para ser representado por Adão e sim pelo Cristo.

A forma pela qual Deus faz isso é particular e determinada por elementos que aprouve a Ele estabelecer. Sendo assim, nosso Senhor se revelou aos patriarcas mostrando sua aliança para com o homem e que Ele iria formar da descendência de Abraão um povo para Si. Povo de propriedade exclusiva do altíssimo. Na formação do povo de Israel, Ele revelou seu Ser, sua vontade e atribuiu a este povo uma missão muito particular. A de que: “Ame o Senhor seu Deus de toda a sua alma e de todo o seu coração”.

Esse amor exclusivo a Deus deveria vir acompanhado de culto exclusivo, vida comunitária que revele a ética do reino de Deus e de ser testemunho dos grandes feitos de Deus diante das nações da terra. Israel deveria apontar as grandezas e feitos poderosos de Deus realizados na vida dos que Ele chamou para comunhão.

Durante todo o período da jornada pelo deserto e posterior estabelecimento na terra o Senhor mostrava ao Seu povo que em seu plano redentivo incluía revelar-se a nações e reinos que ainda não tinham ouvido suas verdades reveladas, mas, que viria um tempo em que Ele iria chamar seus filhos dos quatro cantos da terra.

Em Cristo isso se cumpre, o verbo encarnado estabelece pelo seu sacrifício substitutivo um povo para além das fronteiras de Israel a quem a Igreja como povo de Deus seria incumbida de anunciar as boas novas da salvação. Agora a tarefa missionária da igreja rompe as fronteiras de Israel e da centralidade do culto em Jerusálem e se torna uma Igreja por toda a terra.

A tarefa da Igreja passa por ser testemunho (marturia), serviço (diakonia) e proclamação do evangelho (kerigma). Uma igreja proclamadora dos grandes feitos de Deus e de sua mensagem da salvação. Há em nossos dias uma visão equivocada dos missionários quando falamos da segunda vinda de Cristo que acontecerá em data reservada ao conhecimento divino, e que a ninguém revelou. Alguns missionários são motivados pelo engano de que sua pregação pode adiantar ou retardar a vinda de Cristo. É necessário abordar o tema e perceber que para o nosso Senhor sua vinda é até que se complete o número dos eleitos e não uma sucessão de fatos que manipula o texto e distorce seu sentido. Em Matheus 24:14 diz assim:

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.”

O texto aponta para algumas verdades que como igreja não podemos perder de vista, primeiro a missão é temporal. Missão é algo a ser feito nesta vida. Segundo, missão não é qualquer coisa. Missão tem um conteúdo específico, a pregação do evangelho. Terceiro, missão tem uma dimensão específica: Todo o  mundo. Quarto, missão tem um propósito específico: Testemunho.

Perdemos toda a riqueza do texto por olharmos de forma míope para a última expressão do texto sem ter em mente tudo o que Jesus já nos ensinou sobre o seu reino. Destacando a última parte: Então, virá o fim. O Fim é uma consequência do desdobramento salifico que Deus estabeleceu na história e esse desdobramento deve cumprir sua finalidade que é o anúncio do evangelho até que se cumpra o número daqueles que Ele escolheu.

By Gustavo Custódio

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